Friday, May 20, 2011

Wouldn't it be nice?

Estou irritada. Estou mesmo irritada. Apetece-me falar e insultar e chamar nomes e dizer palavrões. Apetece-me esfregar coisas na cara das pessoas e mandar tudo ao ar. Fazer malas e ir para uma praia qualquer fingir que o mundo não existe. Apetece-me tanta coisa e no entanto o treino já é tanto que ponho um sorriso na cara e faço, com ar doce e tudo, o que me mandam....


Mãezinha acho que já cresci!

Wednesday, March 16, 2011

Sexo e Rock & Roll

Nunca tomei àcidos, nunca cheirei coca nem heroína, nunca fumei crack e mesmo a erva, que fumei uma ou outra vez, me fez efeito. Por isso posso falar da única droga que me é familiar: o àlcool. Mesmo esse só esperimentei aos 18 anos porque antes era sem o saber uma Sraight Edge como me explicaram uns anos depois.
Não tomar drogas é uma escolha, escolhe-se, noite após noite, segurar em cabeças que vomitam, rebolar os olhos às piadas sem graça de pessoas com os olhos vermelhos e cansados. Escolhe-se encarar a vida a sangue frio porque se sabe que seria demasiado doloroso vê-la como ela é depois de a vermos com lentes cor-de-rosa (ou lá como for que eles a vêm). Contudo não ter vícios sai caro. Quem não fuma não tem pausas para cigarros, quem não bebe café não tem as idas à máquina do café nem aquece as mão no Inverno. Quem não bebe não tem desculpas para os actos que faz e quem nunca fumou umas ganzas com o "pessoal", nunca se divertiu.
Nós esperamos que toda a gente tenha qualquer vício, nem que seja para o nosso não parecer tão mau. Quando não se o tem é-se marginalizado.
Por isso há uns tantos anos alguem que não tinha vícios criou o vício mais moderno de todos, o da saúde. Vai-se ao ginásio, bebem-se sumos e nunca, mas mesmo nunca, se comem hidratos de carbono. O meu azar é que nem a esse grupo pertenço.
Enfim, os 18 anos chegaram bebi os meus shots e fiz os meus disparates mesmo assim às vezes ainda penso que da famosa trindade só tive dois: Sexo e Rock & Roll

Monday, February 14, 2011

cafés, cigarros e dias de S.Valentim

Se eu fumasse teria acendido o cigarro agora. O fumo cobriria o ecrã do meu computador e talvez desse um ar decadente e intelectual a esta cena. Se fumasse tenho a certeza que beberia café, e por isso daria pequenos goles quentes enquanto os dedos dedilhavam nas teclas. Faria tudo devagar para que transmitisse ao espectador a dor da criação (coisa que sentiria caso fumasse e bebesse café). Sendo a vida como é sento-me ao computador só assim, sentada sem grandes romantismos e penso: Porque é que eu gosto de receber flores? O que me faz, a mim que li livros e fui educada por gente que não liga a essas coisas, gostar de bombons em caixas cor-de-rosa e ramos de flores que morrem no dia seguinte? Porquê que eu, de todas as pessoas, não posso ser como faria todo o sentido que fosse, uma alma que acredita que o dia dos namorados é como outro qualquer e que não passa de uma invenção do marketing internacional para que se gaste dinheiro.

Estaria agora no meu segundo café, com os dedos mais eléctricos da cafeína, talvez me vestisse de preto e a conversa fosse diferente. Não sendo, resta-me, mais uma vez esperar pelo dia em que finalmente alguém se resolva a esquecer de como as coisas devem ser e me dê um postalzinho piroso e um ramo de flores, daqueles que fazem corar qualquer pessoa.

Monday, January 17, 2011

Escrever e outras artes


Todos os adolescentes acham que escrevem, pior ainda, todos os adolescentes acham que os poemas de Pessoa, são escritos directamente para eles.
Eu costumava decorar a poesia de Álvaro de Campos e, nos meus 13 anos, a de Florbela Espanca. Depois quase às escuras, escrevi-as no meu diário, como se elas dissessem aquilo que eu queria dizer e não conseguia.
Passaram-se anos e ainda faço isso. Preferia, naturalmente, que as palavras e as frases, as virgulas e os pontos me saíssem como eu os penso. Não saem. A verdade dura e triste é que não sei escrever. Pelo menos, não de alguma maneira que valha a pena. Haverá certamente muitas explicações desde a minha dislexia, à minha geração triste passando pela mais óbvia, uma falta de talento.
Com o passar do tempo deixamos de ser o centro das atenções. Saímos de casa e já não temos piada nenhuma. Ocorre-nos então um pensamento interessante, o de sermos úteis. Assim se fazem andar sociedades, com pessoas úteis. Talentos há poucos e dão trabalho. Porque não apostar em tarefas mínimas? Atender telefones, fazer girar a máquina burocrática, enfim... pelo menos chega-se a casa todos os meses com o cheque.
Mas o que fazer com aquele sobressalto no coração, aquela insatisfação própria dos artistas? Ler poesia? Fazer desenhos, escrever blogues, à noitinha ver um filme intelectual e de tarde falar de politica no café? Não chega. Para isso mais vale voltar a ter 15 anos e todas as certezas de infelicidade. A verdade que ninguém nos diz é que nunca se sai do armário.

Tuesday, September 21, 2010

Aos 23



"Blackbird singing in the death of night, take this broken wings and learn to fly" e é assim que é a vida das pessoas com 20 e poucos anos. Depois da longa noite de borbulhas e armários chega a década da vida em que tudo é suposto ser feliz e bonito. Aqui na casa dos vinte é suposto sermos bonitos, cheios de vida e de força. É suposto também estarmos no "principio da vida", cheios de certezas em relação ao futuro que há-de vir.
Mas é tudo treta, é tudo invenções de quem, com toda a certeza, já não se lembra do que é ter 20 e poucos anos. Tirando as tais broken wings, nada nos deram que nos preparasse para o que aí vinha. Antes as incertezas adolescentes, as hormonas aos saltos e os armários fechadinhos. Tudo se prefere a ter que andar de saltos altos e fingir que se sabe da vida.
Os vinte são inconsistentes, depressivos e, como um banho de água fria, são um wake-up call para a vida real. Já não há desculpas e já toda a gente tem a nossa idade. Os "adultos" já não existem, somos todos muito amigalhaços e até bebemos copos juntos. Fala-se de igual para igual embora (como qualquer pessoa fora da casa dos vinte sabe) esses putos não saibam nada da vida, daí a palmadinha nas costas e o sorriso compreensivo.
Ter vinte anos é andar por aí a fingir que se é gente, às apalpadelas a tentar descobrir um lugar onde não olhem para nós com aquela cara de quem é suposto ter uma resposta qualquer. A culpa não é das pessoas com vinte e poucos anos, a culpa é dos outros todos que não se decidem se somos crianças com licença para conduzir e beber álcool ou se  já sabemos coisas.
Enfim, os 20 podem ser bonitos e frescos. Podem ser carinhas larocas e corpo ainda no lugar, podem até ser mais agradaveis que os 15. Já se pode pedir um copo de vinho, fumar um cigarro e ter casa prórpia. O que os vinte anos nunca serão é anos felizes.

Wednesday, May 12, 2010

Poema a Macau

A weed from Catholic Europe, it took root
Between the yellow mountains and the sea,
And bore these gay stone houses like a fruit,
And grew on China imperceptibly.

Rococo images of Saint and Saviour
Promise her gamblers fortunes when they die;
Churches beside the brothels testify

That faith can pardon natural behaviour.

This city of indulgence need not fear
The major sins by which the heart is killed,
And governments and men are torn to pieces:

Religious clocks will strike; the childish vices
Will safeguard the low virtues of the child;
And nothing serious can happen here.

W. H. Auden (1907-1973)
Escrito em finais dos anos 30 quando o escritor visitou a região. Tantos anos e ainda tudo igual.

Friday, April 30, 2010

Geração Rasca- Uma defesa


Tenho falado dos anos 60, tenho sempre dito que a minha geração é "hip", desmotivada e ignorante. Não levantamos os braços, não vamos para a rua e sobretudo nem sequer tentamos disfarçar a indiferença com que vemos o mundo. Somos apolíticos, a-religiosos e todos os outros "A" (excepto assexuais). Mas hoje li um artigo que me deixou zangada. Que eu fale mal da minha geração é uma coisa, que um gajo que teve a sorte (genética e astrológica) de ter nascido mais cedo, diga que ela não presta é outra.
As pessoas são as mesmas, não pioram nem melhoram com o passar do tempo. Se crescemos depois da queda do muro, fomos criados em frente à televisão e ainda vivemos o aparecimento da internet a culpa não é só da minha geração é também das anteriores. Os papás nascidos nos anos 60 tiraram-nos a referencias que os pais deles (geração conservadora e ultrapassada) lhes tinham dado. Não fomos à catequese, não ouvimos música clássica, não aprendemos a cozinhar nem a costurar, nem a bordar, nem latim ou grego, não vivemos o pânico da crise dos mísseis, não odiámos o Nixon e nunca ouvimos os discursos do Sartre. Não estivemos na rua durante o 25 de Abril e mais do que isso não crescemos com dificuldades nem (como tantos papás nos lembram) tivemos que construir os nossos brinquedos. A nós deram-nos barbies de plástico com cinturinha de vespa, cabelos louros e maminhas, playstations e gi-joes com vestimenta militar. E depois chamam-nos fúteis quando as meninas não comem para ser como as barbies e os meninos não se zangam com governos neo-liberais.
O que eu tenho para dizer é que, mesmo com  estes condicionalismos todos, mesmo tendo crescido a ouvir "hit me baby one more time" e "Spice up your life", mesmo com sapatos altos e anorexias nervosas e homens que usam eyeliner, foi na minha geração que mais se lutou pela causa "verde", que os gays puderam, finalmente, sair do armário e que músicos como os Muse se fizeram. 
Imaginem se tivéssemos crescido ao som dos beatles e com o livros de verdade.